sexta-feira, 23 de março de 2012

MELHOR SELEÇÃO DE TODOS OS TEMPOS

Brincadeira infame de sala de aula com o parceiro Anderson Venturini, de escolher os melhores jogadores de todos os tempos e montar uma espécie de time. Lembrando que somos pessoas de 16 anos e que consequentemente não acompanhamos grande parte dos caras que tão aqui presentes e muitos outros que deveriam estar. É quase tudo embasado com história, vídeos, filmes, tradição, etc. Lá vai, num esquema meio 4-3-3, quase 3-4-3

Claudio Taffarel (BRA)

Djalma Santos

Franco Baresi (ITA)

Luis Pereira (BRA)

Nilton Santos (BRA)

Franz Beckenbauer (ALE)

Lionel Messi (ARG)

Johan Cruyff (HOL)

Garrincha (BRA)

Pelé (BRA)

Maradona (ARG)


Reservas:
- Peter Schmeichel (DIN)
- Carlos Alberto Torres (BRA)
- Bobby Moore (ING)
- Elías Figueroa (CHI)
- Paul Breitner (ALE)
- Paulo Roberto Falcão (BRA)
- Zico (BRA)
- Michel Platini (FRA)
- Ferenc Puskas (HUN)
- Ronaldo Nazário (BRA)
- Alfredo Di Stéfano (ARG)

domingo, 18 de março de 2012

THE DRIVER





















Uma das principais inpirações do Refn para sua obra-prima moderna - referenciando muitas cenas e, principalmente, a personagem principal - esse The Driver é um dos melhores exemplares de ação setentista: perseguições de carro, policiais corruptos, uma personagem preenchida pelo vazio existencial que a cerca, a incapacidade de se relacionar amorosamente, a subjugação ao próprio destino, etc. A base principal de The Driver é a mesma que sustenta Drive, ligada ao motorista sem nome que trabalha como piloto em assaltos e é concebido como um alguém solitário, sem perspectiva de amor e amigos, sempre muito frio e calculista. Aqui, porém, o conteúdo estético-narrativo difere-se em diversos pontos, seja na continuidade da história, com subtramas totalmente diferentes das de Drive, seja na proposta técnica mais setentista, de filmes policiais e set-pieces de assalto e situações paralelas em constraste, ou mesmo na relação entre as personagens - a mulher do filme de Hill é apenas uma incógnita que busca dinheiro; em Drive, Mulligan é uma mãe apaixonada pelo motorista. De qualquer forma, é um filme do caralho.

(mais screens em breve)

sábado, 10 de março de 2012

DÁLIA NEGRA

Afinal, o que há de errado em Dália Negra? Roteiro mal desenvolvido? Falta de conteúdo? Atuações ruins? A verdade maior é que os maiores detratores do filme até hoje nunca chegaram a um consenso. De um lado, a premissa interessante tem uma constante quebra de ritmo e narrativa; do outro, a falta de história pressupõe um filme sem conteúdo, mas com qualidades técnicas indiscutíveis*. Nunca fui grande defensor, porque vi pela primeira vez pouco depois da época que foi lançado, mas após uma revisão decente (em bluray, yeah), o filme cresceu bastante.

*Antes de mais nada, é totalmente errado dissociar conteúdo e estética, porque um filme não é algo que se divide somente entre trama e parte técnica, porque o tal do conteúdo é onipresente no filme como um todo: a opção estética/narrativa é parte dele da mesma maneira que a história está lá para sustentá-la e vice e versa


É de certa forma contraditório condenar o desenvolvimento narrativo de Dália Negra e enaltecer o de O Espião que Sabia Demais, do Alfredson. Ambos se apoiam numa narrativa que mais se preocupa com o estado emocional das personagens do que com o desenrolar da história em si. As grandes revelações existem (principalmente no filme do De Palma, em função do noir), mas são abafadas porque o foco das películas vai sempre de encontro àquilo que lhe dá sustância: a atmosfera e o clima paranoico que habita dentro de cada um dos personagens, algo de certa forma comum no gênero.

De Palma entrega um filme que desde o início deixa claro que o monólogo interior e a relação do detetive e boxeador Dwight (John Hartnett) com seu círculo social é aquilo que vai prevalecer nos próximos 120 minutos, e não o desvendamento e análise investigativa completa dos casos policiais que envolvem a trama. Baseado num livro de James Ellroy, Dália Negra é todo concebido com temas relacionados a corrupção, assassinato, investigações obsessivas e femmes fatales, e o que resta na tela é um belíssimo retrato noir de um triângulo formado pelo próprio Dwight, a amante Kay (Scarlett) e seu parceiro Blanchard (Eckhart).


Assim, por mais que a trama tenha sim seu valor (e eu simplesmente não consigo ver tantos problemas na execução e apresentação de revelações como veem por aí), o filme centra-se principalmente na relação entre os três personagens, suas consequentes barreiras emocionais e a ausência de dinâmica frente ao assassinato da aspirante a atriz Elizabeth Scott (Mia Kirshner), a Black Dahlia, que no filme funciona de maneira semelhante à personagem de Gene Tierney em Laura, obra-prima de Preminger, na qual a obsessão pela mulher assassinada é fatal e quase sempre mórbida.

Esteticamente, Dália Negra é lindo, de bela direção de arte e movimentos de câmera que só um mestre como De Palma é capaz de erigir. A orquestração das cenas é como um intrínseco elemento para toda e qualquer construção noir: sombras, luzes, ambientação e decupagem clássica. A figura das femmes fatales de Kay, Elizabeth e Madeleine (Hilary Swank) é constante e a psicose de cada personagem é apresentada de forma derradeira; assim como On Dangerous Ground, do Ray, Dália Negra é um filme sobre a falta de perspectiva das personagens (não somente acerca da investigação que lidam, mas principalmente acerca de suas próprias personas e relações sociais (os casos de amor somente reforçam essa ideia)), e sobre a esperança final, que aqui age como redenção de dois integrantes do triângulo em função do outro, fechando assim o círculo de paranoia e mistério que envolve o filme.

Enfim, subestimado.