sábado, 21 de janeiro de 2012
The Thin Blue Line
"I do have to admit that in the Adam's case — and I've never really said this — Doug Mulder's final argument was one I'd never heard before: about the "thin blue line" of police that separate the public from anarchy."
é nessa linha de raciocínio que o documentário de Errol Morris, que mais se parece com uma 'american horror históry' ensaiada farsescamente como documentário, se desenvolve. 1976: Adam Randall é um homem comum que, após ser abordado por um rapaz de 16 anos chamado David Harris, embarca em uma noite rechaçada com bebida e maconha e um incidente que mudaria sua vida a partir de então: o envolvimento com a morte de um policial, baleado com 5 tiros enquanto abordava um carro para alertá-lo que suas lanternas estavam apagadas. os dois sujeitos no carro eram Adam, no volante, e David, supostamente agachado no banco da frente.
morris era, na época, um jornalista que levou anos a fio estudando o caso, e o resultado de toda pesquisa nos leva a esse filme, de depoimentos controversos, imagens de arquivo, reconstituições da cena (encenadas por diversas maneiras, que ilustram cada declaração dada) e acima de tudo imparcialidade: trata-se de um filme que não busca respostas ou soluções, mas que procura questionar o telespectador sobre o que ocorreu, para que ele tire suas próprias conclusões sobre o caso. por mais que existam depoimentos que indiciam um falso esquema da promotoria para incriminar erroneamente Adam, por outro lado os próprios promotores testemunham com suas justificativas para ter tomado tal ação.
o fato é que david, então um adolescente de 16 anos que fugiu de casa após ter cometido inúmeros furtos e delinquências, atuou como testemunha de acusação e incriminou adam, um sujeito comum, que nunca foi fichado na vida. a questão da tênue linha da morte da polícia que separa a sociedade da anarquia se contradiz, uma vez que a racionalidade passa longe da promotoria e dos policiais envolvidos no caso, que condenaram adam à prisão perpétua após uma longa apresentação de provas a seu favor - a sentença, na verdade, era de morte, mas o poder do filme foi tão grande que um novo julgamento deu a adam o direito à vida. tamanha é a especialidade de morris na condução de casos investigativos que o depoimento final, dado por david exclusivamente para o filme, não revela uma suposta confissão, mas indicia que adam não foi o culpado por tudo aquilo, sendo apenas um bode expiatório na história toda. um filme forte, genialmente orquestrado pela música de philip glass e pelo tesão à investigação de morris.
- There's probably been thousands of innocent people convicted and there will probably be thousands more
- Why?
- Who knows?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário